23/08/2011

Quando a diferença já não existe



Ela chegou muito cedo à estação de trem. Estava vinte minutos adiantada, então se sentou em um banco e refletiu sobre tudo que acontecera. Em seus dezoitos anos de idade Cristina não vivera tantas emoções quanto nos últimos meses. Conheceu Luís há dois anos, num jantar que seu pai ofereceu aos funcionários da empresa em que trabalhava. Um deles se destacou: um moreno de sorriso acolhedor que no inicio fora apenas um amigo, mas aos poucos a amizade se transformou numa paixão incontrolável. A mãe se desesperara e o pai não aceitava de modo nenhum. O que para Cristina significava amor para os pais era pedofilia. Será que realmente aqueles quinze anos que os separava era um empecilho? Para Luís nunca foram, ele sempre dizia:
                - Nós dois temos a mesma idade de alma, o resto é só envelhecimento do corpo. – e a abraçava daquele jeito que a fazia esquecer o mundo a sua volta.
                Depois de dez minutos de espera ele chegou, com aquele mesmo sorriso que a enfeitiçara. Cristina levantou-se e segurou suas mãos. Depois de beija-la ele perguntou:
                - Tem certeza de que é isso que você quer?
                - É a única coisa que eu quero... Depois de dezoito anos presa ao preconceito e opiniões hipócritas de meus pais talvez eu finalmente possa respirar sem sentir-me um Judas.
                Ele simplesmente a abraçou. Naquele ano Luís se sentiu importante e deu importância a alguém como nunca acontecera antes. Para ele, Cristina era uma luz, um presente da vida; no inicio tentou reprimir aquele sentimento, por medo do que aconteceria se os pais dela descobrissem, mas afinal não conseguiu esconder o que sentia. Tentou convence-los de que ela só a trataria bem, que a amava, mas eles só diziam que ele era “muito velho” para a “filhinha” deles. Luís sabia o quanto ela sofria com a não aceitação dos pais, o quanto ela tentava mostrar-lhes que a idade não conta no amor.
                Compraram as passagens para onde a paz parecia estar instalada, abraçados ele olhou nos olhos da garota e perguntou:
                - Pronta para recomeçar?
                - Estou com medo do que acontecerá daqui para frente... – ela respondeu apondo o rosto em seu peito forte.
                - O futuro não pode ser pior que o passado. Vamos viver só o presente, ok? – ele respondeu segurando o rosto de Cristina entre as mãos e beijou-a.
                - Eu confio em você. – foi só o que ela conseguiu dizer.
                Entraram no ônibus e sentaram-se lado a lado. Ela deitou a cabeça em seu ombro e finalmente respirou tranquila. Haviam vencido todas as barreiras e agora estavam ali. Naquele momento nada mais importava. Mesmo que o mundo desabasse, eles estariam juntos. Isso bastava.

  "Este texto faz parte da tag "De Quinze em quinze" do depoisdosquinze.com

6 comentários:

  1. Gostei do texto, muito bem feito, mas nessas horas eu digo que sou preconceituosa para idades, gostem ou não, é a minha opinião.. shausha', sou bem tolerante, mas existem coisas sem logica ou razão, e bem, até que sou racional as vezes.
    Esse negocio de estilo é bacana quando passa um fora do: Patty, Roqueiro, Punk, Surfista e coisas do tipo, é bom ver estilos diferentes, e que ainda assim são bonitos.. ^^
    Sim sim, teve algumas saias de tule que eu achei uma graça, pensando seriamente em usar as minhas anáguas no lugar, shausha, credo, mas ok ok ~
    Bem, é isso.. Bjs

    http://avidadealguemanormal.blogspot.com/

    ResponderExcluir
  2. Putz, o texto tá muito bom. Me lembrou a música She's Leaving Home dos Beatles. Ouve, sério. É a história de uma garota que foge de casa e os pais não sabem porque, então ficam se lamentando.

    Nenhum médico chegou a contar da vida dele pra mim KÇFLEKLRKEÇL

    Eu não pretendo usar lente, eu uso pouco grau.

    Bjonas (:

    Fique com Deus <3

    ResponderExcluir
  3. Nossa....Amei o post!
    Lindo demais, perfeitoo!
    foi vc quem escreveu??
    Agora quem tinha sumido era eu...rsrsrsrsrsr
    Mais voltei!
    Post novo no conquistando!
    Bjs flor e fica com Papai!

    ResponderExcluir
  4. E a melhor sensação de todas é sentir-se um Judas hein. Ai, curti muito o final deles dois abraçadinhos. Você escreve de um jeito bom d eler que não se torna cansativo.
    bjkk

    ResponderExcluir
  5. É, Não existe idade para o amor, com certeza!
    O texto ficou claro de objetivo, eu gosto disso ((((((:

    Beeijos <3

    ResponderExcluir
  6. OIIEEE, vim só dar um oi e avisar que tem post novo no AA, quando tiver tempo e quiser, passa lá?!
    É isso, bjs!

    http://avidadealguemanormal.blogspot.com/

    ResponderExcluir

Olá lindinhos e lindinhas! Por favor leiam o post primeiro, e então só depois comentem! Eu não respondo a comentarios não relacionados ao post, nem de propagandas, muito menos do tipo "to te seguindo, me segue?".